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Catadores recebem treinamento para evitar doenças no trabalho

Um projeto desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB), e com apoio do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), tem o objetivo de analisar e melhorar as condições de segurança e saúde de catadores de materiais recicláveis do Distrito Federal, especialmente em relação à prevenção de doenças respiratórias e contagiosas. 

A iniciativa ocorreu no âmbito do projeto Pare, Pense e Descarte, desenvolvido pela UnB, que, depois de um mapeamento inicial, ofertou um treinamento para 500 catadores de 11 cooperativas brasilienses. “Nosso objetivo foi ajudar a proteção contra contaminação biológica, proveniente de vírus e bactérias, e também a contaminação química, proveniente de metal, resíduos plásticos e produtos químicos, que eles podem manusear durante a triagem”, esclarece uma das idealizadoras do projeto e professora da UnB, Vanessa Cruvinel.

As aulas tiveram início no último dia 12 e ocorreram até ontem, 26. A formação foi exclusivamente destinada a catadores das cooperativas que mantêm contrato com o SLU. Todo o treinamento foi realizado no Complexo de Reciclagem, localizado na Cidade Estrutural, e foi mediado por professores e estudantes da UnB e do IFB, que receberam instruções de forma remota por representantes da organização Workplace and Health Without Borders (WHWB), do Canadá.

O treinamento incluiu a seleção e uso adequado das máscaras de proteção e demais equipamentos de segurança. O material utilizado para o treinamento, criado para países em desenvolvimento pela International Society for Respiratory Protection (ISRP), foi traduzido para o português e adaptado à realidade técnica do Brasil.

Um estudo realizado pelo projeto em 2017 com catadores que atuavam no antigo Lixão da Estrutural demonstrou que 14,3% dos catadores em Brasília declaravam ter algum tipo de doença respiratória.

Análises de amostras de cabelo indicaram consideráveis níveis de metais nos trabalhadores. Além disso, pesquisas realizadas pelos catadores revelaram altas concentrações de partículas em suspensão e bioaerossóis, que são partículas de origem biológica suspensas no ar, tendo como importantes constituintes os fungos anemófilos.

A diretora da Central de Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis (Centcoop), Leide Laura, comemora os resultados da iniciativa. “Aprendi muito sobre o uso correto das máscaras. Uma informação que eu não sabia, por exemplo, é que as máscaras podem ser reutilizadas após um tempo e não devem ser lavadas com álcool ou mesmo com água”, afirma Leide, referindo-se às máscaras modelo PFF2 e N95 que receberam durante o treinamento.

Com o término do treinamento, a meta agora é garantir que os catadores formados sejam multiplicadores dessa informação e repassem o aprendizado para os demais trabalhadores.

*Com informações do SLU e da Agência Brasília

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